domingo, 1 de maio de 2011

O papel dos roteiros culturais


ORLANDO CARDOSO
Associado da ADLEI 

O sucesso de uma viagem depende, naturalmente, do primeiro impacto que o lugar, ou sítio, visitados provocam no viajante. As alternativas desse primeiro contacto são simples: conquista-o e o sucesso da visita é óbvio, ou repele-o de um modo que, muitas vezes, se pode tornar definitivo.

É verdade que o viajante prevenido vale por dois e a prevenção tende a incidir cada vez mais sobre os materiais de apoio a que tem a possibilidade de aceder, garantindo-lhe o despertar necessário para a descoberta de encantos que podem ser, ou tornar-se, gratificantes. Contudo, numa sociedade de informação como a nossa, torna-se cada vez mais importante que os anfitriões promovam de modo sóbrio e atractivo os lugares que lhes couberam em sorte, recusando muito do lixo que se divulga como sendo propaganda turística.

Viajar é um acto cultural que se distingue de turismo, diferença de que falaremos em próxima oportunidade. É fundamental para o viajante dispor de materiais de apoio que possam ir ao encontro dos seus interesses. Isso implica um esforço das entidades responsáveis na organização de roteiros temáticos capazes de ajudá-lo a organizar os seus trajectos sem necessitar de outro guia além do roteiro que leva nas mãos.

Os roteiros culturais podem e devem ser diversificados, abrangendo as mais diversas áreas. Eles não se excluem uns aos outros, mas completam-se e cumprem a sua função de dar uma visão completa do que há para oferecer. Compete aos responsáveis pela dinamização cultural leiriense a vontade de implementar, na prática, estes percursos, tornando-os numa realidade permanente e não apenas pontual. As bases desse trabalho estão lançadas, urgindo a sua potencialização e diversificação em áreas eventualmente não abordadas.

A região de Leiria, mais precisamente a cidade, possui hoje alguns roteiros culturais que vão no sentido da unidade na diversidade de que falámos atrás. Embora a sua elaboração não tenha tido uma coordenação efectiva, nem sido planificada, estes roteiros resultam do esforço de muitas pessoas que amam a cidade e que fizeram trabalhos de qualidade muito acima do que é habitual encontrar noutras paragens. De facto, Leiria dispõe de roteiros sobre o Castelo, Korrodi, Miguel Torga, do Moinho de Papel à Tipografia, Leiria Queirosiana, o Centro Histórico, Compras e outros. Estes roteiros permitem, actualmente, ao visitante conhecer e fruir aquilo que torna a cidade peculiar e fascinante.

Leiria não é apenas um lugar “onde há umas ruínas”, como escreveu Eça de Queirós. Mas é necessário que o âmbito dos roteiros culturais que temos se alargue em termos temáticos, de modo a que seja possível assumir que há muito mais para ver, além do castelo.

in Diário de Leiria, 25 de Abril de 2011

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