sexta-feira, 27 de maio de 2011

Leiria - o futuro começa hoje


ANABELA GRAÇA
Presidente da ADLEI

Ao percorrer e olhar para Leiria e o seu concelho constata-se que há ainda muito a fazer. Desde logo na cidade onde facilmente se vê a falta de ligação e presença dos leirienses no espaço público e que importa trazê-los para a rua enquanto espaço de convívio e de sociabilidade. A cidade esvaziou-se de pessoas, por razões que se prendem com a atracção que representa o centro comercial, mas também pela inexistência de condições e iniciativas que possam chamar os cidadãos.

O comércio tem definhado e o cenário no centro histórico é sempre o mesmo – abandonado e vazio. Para alterar a situação seria necessário criar condições para povoar a baixa da cidade com gente mais jovem que pudesse encontrar no mercado de arrendamento uma solução para a sua vida, acreditando-se que esta seja a tendência objectiva nos próximos anos, atendendo às restrições de concessão de crédito que se avizinham. Tornar a cidade mais viva e habitada deve, portanto, ser uma prioridade, tal como a de criar condições para reabilitar a periferia urbana onde as carências são patentes, quer de espaços públicos qualificados, quer de equipamentos sociais. No plano ambiental a solução tão desejada de uma bacia hidrográfica do Lis livre de poluição arrasta-se inexplicavelmente.

Por outro lado, em termos culturais, tem-se sentido um abrandamento da dinâmica, no que diz respeito à realização de eventos culturais regulares. Temos alguns exemplos: o MIMO, que precisa de aprofundar a sua relação com a cidade e o concelho, o castelo, que continua altaneiro, incomunicável e inacessível, o Mercado de Santana ao abandono, ainda que requalificado e a Feira de Velharias, que não dignifica a “sala de visitas da cidade”.

Deslocalizar serviços para o centro da cidade poderia, também, trazer vantagens, promovendo um maior afluxo de pessoas. Contudo, faz falta o estacionamento mais barato, tendo a privatização deste serviço contribuído para que cada vez menos pessoas se passeiem pela urbe.

A política de transportes urbanos deu passos, mas insuficientes. O serviço não é apenas escasso, é o seu próprio funcionamento que não é conhecido. A Câmara prestaria um bom serviço público se estivesse atenta às reais necessidades dos cidadãos, apresentando soluções de mobilidade urbana mais eficazes.

A insegurança está a instalar-se na vida dos comerciantes e das pessoas em geral. A falta de policiamento e de vigilância terá que ser enfrentada e resolvida, sob pena de caminharmos para um futuro mais incerto.

Deviam privilegiar-se soluções marcadas pela relação da cidade com a natureza. Neste contexto, a inclusão de verde urbano pode ser crucial e proporcionar múltiplos aspectos de bem-estar, de saúde e de satisfação cultural, humanizando as ruas com árvores adequadas.

Falta uma visão que promova o futuro, não deixando de olhar para o passado, tentando emendar erros, apostando na novidade e na ruptura. Falta brio nas coisas que podem distinguir Leiria. Por essa razão, são necessários projectos que façam vibrar o espaço público e apelem a uma maior participação de todos na resolução dos problemas da cidade.

in Diário de Leiria, 20 de Maio de 2011

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Um olhar sobre a cidade

JAIME PEREIRA
Associado da ADLEI

Numa altura de dificuldades (e em que mais dificuldades se avizinham), em que tantas vozes se fazem ouvir e em que urge a necessidade do contributo de todos, bons exemplos vão surgindo. Neste contexto, verificamos o nascimento de movimentos e a saída à rua das pessoas em iniciativas em que reinam a contestação e o inconformismo. É disto exemplo o movimento Geração à rasca que umas vezes melhor que outras vem chamando a atenção para o problema social da integração dos jovens no mercado de trabalho e que, utilizando as novas tecnologias, conseguiu juntar por todo o país centenas de milhares de pessoas a lutar pelos seus direitos.

Se, por um lado, é de saudar a luta das pessoas, a forma como denunciam os seus problemas e responsabilizam a classe política é, também, tão ou mais importante, a defesa construtiva de soluções alternativas, quer para as políticas nacionais, quer para os problemas locais e regionais.

Focarmo-nos em problemáticas colectivas e sairmos do individualismo é, hoje, mais difícil que nunca, conhecendo nós os sacrifícios que vêm a ser pedidos. No entanto, a luta pelo bem comum e a prossecução do interesse público que este salto (do individual para o colectivo) acarreta é indispensável ao despertar das consciências e ao desenvolvimento social, económico e cultural. Verificar que os bons exemplos existem é, por isso, razão para sermos optimistas. Mais quando surgem dos mais jovens, como foi o caso de alunos do 11º ano da Escola Secundária Francisco Rodrigues Lobo que, ao “olharem” para a sua cidade de diferentes perspectivas (património, centro histórico, cultura, ambiente, comércio, turismo e desenvolvimento económico), identificaram problemas e estudaram soluções. A apresentação dos trabalhos realizados sobre Leiria no âmbito da disciplina de Geografia teve lugar no passado dia 4, na ESECS e os contributos e conclusões são da maior relevância.

Se é por si óptimo que a Escola e os professores conduzam e orientem os alunos na vida cívica e participativa é, por outro lado, ainda melhor, notar que os alunos correspondem com gosto e seriedade.

Mais do que o futuro, o presente depende, em grande parte, da participação de todos, sendo que este tipo de iniciativas carrega uma dupla importância: a formação cívica dos alunos promovida pela escola e o contributo dos mesmos ao desenvolvimento da sua cidade, da sua região e do seu país.

in Diário de Leiria, 23 de Maio de 2011

Tomás Oliveira Dias homenageado em jornada de estudo

Amigos e família reuniram-se para homenagear o leiriense Tomás Oliveira Dias, numa iniciativa da Adlei

Homem "ligado às causas sociais", "tolerante", "ponderado", "fiável e confiável", "exemplar", "sério". Os adjectivos são de várias personalidades e vão todos para o leiriense Tomás Oliveira Dias, de 78 anos, homenageado sábado, em Leiria.

Pelo palco do Teatro Miguel Franco passaram nomes como Acácio de Sousa, D. Serafim Ferreira e Silva, Pinto Balsemão, José da Silva Marques, Henrique Neto e Raul Castro, para uma 'jornada de estudo' que mais não foi que uma homenagem promovida pela Associação para o Desenvolvimento de Leiria para distinguir o fundador Adlei.

Acácio de Sousa, ex-director do Arquivo Distrital de Leiria, falou de um homem com "perfil sóbrio, pensamento moderno e católico, ligado às causas sociais".

"O contributo que deu ao longo dos anos pode ter tido como contrapartidas algumas decepções, mas de certeza que não foi em vão", disse Acácio de Sousa.

Para D. Serafim Ferreira e Silva, bispo emérito de Leiria/Fátima, "a palavra tolerância foi a bandeira que orientou este homem cristão".

"Perante os desafios, as dificuldades, soube manter o bom senso, a serenidade e a nobreza", disse o prelado.

"Soube ser militante, não ficar indiferente. Fez muitas coisas, mas não é um activismo louco, é um pensador", disse, caracterizando-o ainda como "um bom exemplar no estudo e no saber".

Francisco Pinto Balsemão, um dos fundadores do PSD, tomou da palavra para falar do homem político, um deputado da ala liberal, movimento que "serviu de motor de arranque do PPD", hoje PSD. "A actividade de deputado e o papel como fundador do PPD são dois aspectos indissociáveis", disse, enaltecendo de Tomás Oliveira Dias o facto de ser "sempre calmo, ponderado, mas quando está determinado não desiste facilmente e isso é uma grande qualidade".

"É um leiriense de corpo inteiro, mas isso nunca o limitou ao distrito e à cidade onde nasceu. As suas preocupações reflectem-se também em iniciativas parlamentares, desde a actividade teatral, passando pela liberdade de imprensa, organização judicial, educação médica, liberdade religiosa, revisão constitucional", entre outros, acrescentou Pinto Balsemão.

A primeira memória que o político social-democrata, José da Silva Marques, tem de Tomás Oliveira Dias "é o da energia, combatente cívico, mobilizador". "É um homem fiável e confiável", um "homem de serenidade, mas determinado", afirmou. Criticando a forma como são "descartadas" pessoas como Tomás Oliveira Dias, José da Silva Marques questionou: "poderá a política descartar Tomás Oliveira Dias?".

O empresário Henrique Neto destacou o "homem exemplar pela sua longa vida ao serviço de Portugal", respeitado pelos seus adversários políticos, porque "tinha um pensamento autónomo". "É uma personalidade que honra a nossa região e o País e, neste período tão difícil da vida colectiva, em que o valor, a cidadania e a nobreza de carácter são menosprezados, é bom e consolador estar com amigos a homenagear um amigo", disse.

Por seu turno, Raul Castro, presidente da câmara de Leiria, destacou a "seriedade na forma de abordar os assuntos". "É inspirador para todos. Tomás Oliveira Dias age e luta pelas suas convicções", enalteceu o autarca, que recordou a medalha de ouro atribuída pelo município em 2010.

A estas e outras personalidades que o homenagearam no sábado, Tomás Oliveira Dias agradeceu, dizendo mesmo que as palavras dos seus amigos levaram-no a pensar na sua forma de ser. "Na vida, temos que fazer aquilo que o coração e o pensamento ditam, disse, adiantando ter procurado "sempre, colaborar com toda a gente". "Não é virtude, é a minha maneira de ser", afirmou, destacando três aspectos importantes da sua vida: as vertentes social, política e cívica. "Não sou um cidadão exemplar, porque todos temos a obrigação de ter um comportamento civicamente correcto", referiu, pedindo desculpa por "não ter feito mais".
 
in Diário de Leiria, 23 de Maio de 2011
(Helena Amaro)

domingo, 15 de maio de 2011

Oficina de Formação «Prevenir a Violência nas Escolas»


Na sequência da Oficina de Formação Prevenir a Violência nas Escolas, a ADLEI divulga as principais notas das primeira e segundas conferências realizadas, a 30 de Abril e 7 de Maio '11, respectivamente. A iniciativa contou com a participação de docentes de todos os níveis de ensino e teve o apoio do Centro de Formação da Rede de Cooperação e Aprendizagem.


O imperativo da responsabilização do aluno: exigir acção, energia, intenção, esforço, estudo, dedicação; combater crenças que desresponsabilizam os alunos; os pais têm que mostrar aos filhos que o trabalho é imperativo…Quem dá pão… tem que saber dizer não! Se o amor dos adultos é importante, não há aprendizagem sem condicionamento. O amor é necessário mas não se aprende sem regras, sem clara imposição de limites. Para educar, é mesmo necessário que alguém mande. É necessário que alguém se resigne a ser adulto. É preciso que alguém se resigne a dizer não. Tanto na família como na escola. Não se educa em liberdade, mas podemos educar para a liberdade! Com regras, limites, castigos e recompensas e… alguma sorte!

João Barreiros, professor


Contra a indisciplina, substituir a obrigação do saber, pela necessidade e prazer do saber-fazer. Na sala de aula a participação de cada um e a dinâmica colectiva são determinantes. 

Para combater a indisciplina importa transformar o ambiente de ensino num ambiente de ensino - aprendizagem. Transformar a sala de aula numa oficina de descoberta/pesquisa/investigação. Algumas dificuldades dos pais: a perda da autoridade dos pais e a sua substituição pelo papel de amigos; as alterações sociais provocadas pela aldeia global; as novas comunicações e as novas relações; desactualização dos pais.

Necessário e urgente promover algumas alterações conceptuais sobre os papéis formais de cada agente. Papel da Escola: fomentar a experiência do individuo perante a aventura humana da desconstrução e reconstrução  do conhecimento. Papel do Aluno: colocar em prática o pensamento lógico – barulho e agitação passam a ser catalisadores do acto de conhecer. Papel do Docente: negociação constante.

Outros requisitos: vínculos concretos aluno/professor/relação; fidelidade ao contrato pedagógico envolvendo ambas as partes; permeabilidade para mudanças e intervenções.

 Adelino Antunes, sociólogo


A afectividade na relação pedagógica: a questão da afectividade não diz respeito só aos alunos (…). Cada escola define o seu caminho e constrói o seu projecto, quando se fala em diálogo, respeito, valores, trabalho em equipa e projectos inovadores

Adélia Lopes, professora


Os factores associados à indisciplina: família; alunos; relação entre Ministério da Educação e escola; turmas; sociedade; professores. Uma gestão preventiva da indisciplina: compromisso escrito da comunidade educativa com a disciplina; promoção de uma ambiente escolar humanista; a direcção da escola “visível” e encorajadora à actuação de professores, alunos, auxiliares e pais; estreitas relações entre a escola e a comunidade; estreitas relações entre a escola e a família; grupo de professores com partilha e cultura de diálogo.


 Luís Picado, psicólogo


O que fazer para melhorar a convivência escolar, na perspectiva da administração escolar, alguns exemplos: Desenvolvimento de campanhas de dignificação do trabalho docente que devolva aos professores a auto-estima e lhes reconheçam a importância do seu trabalho; criação de comissões disciplinares operacionais com competência para tomar medidas correctivas imediatas, perante as atitudes que prejudiquem a convivência escolar e a dignidade do professor; criação de um Perfil de Assessor para Educação sobre a Conflitualidade; criação de um horário dedicado exclusivamente ao acompanhamento dos alunos em causa; programas de apoio, reforço e tutoria; aumento do número de professores de apoio; diminuição do ratio de alunos por turma; acompanhamento dos alunos conflituosos por uma Equipa de Apoio Educativo; campanhas de sensibilização social sobre o grave problema da violência escolar; desenvolvimento de políticas educativas para reduzir o absentismo escolar; colocação em marcha de estratégias atractivas de educação e de formação para os alunos; Cursos de Formação para Pais; acções de Formação na Educação para os Valores.

Paulo Costa, psicólogo

Bullying (maltrato entre pares)

O perfil do agressor: extroversão, desejo de domínio, poder e intimidação, desrespeito pelas normas/direitos dos outros, fraco envolvimento escolar/má imagem, baixo rendimento escolar, elevada auto-estima, popular, dificuldades de auto-controlo e comportamentos aditivos.”

O perfil da vítima: baixa auto-estima, ansiedade/medo/fobias, sintomas físicos (dores de cabeça,…), pesadelos, crises de pânico, isolamento, tristeza, timidez, concentração comprometida, absentismo, vulnerabilidade e níveis elevados de neuroticismo.

Indícios de maus tratos: mudanças no comportamento e de humor, tristeza, choro ou irritabilidade, pesadelos, insónia e/ou perda de apetite, dores somáticas, de cabeça, estômago ou vómitos, perda ou deterioração de pertences escolares ou pessoais, golpes, hematomas ou escoriações com desculpas pouco convincentes, recusa para sair e falta de relacionamento com os colegas, não participação em visitas de estudo ou outras actividades, pede que o acompanhem quando vai ou sai da escola e recusa em ir à escola.

Cristina Marques, psicóloga



«António Barreto aponta convergência política como condição para sair da crise»



«A convergência política, o aumento da produtividade e da idade de reforma e a manutenção de alguma protecção social. Estas são as condições essenciais para que Portugal consiga sair da crise em que se encontra, entende António Barreto, sociólogo e presidente da Fundação Francisco Manuel dos Santos.
Em conjunto com o empresário Herique Neto, António Barreto foi o orador da conferência Pensar o país, promovida pela ADLEI – Associação de Desenvolvimento de Leiria e pela Livraria Arquivo e que decorreu na noite de ontem, em Leiria. Referindo-se à actual situação do país, o sociólogo lembrou os seus tempos de governante. Na altura, disseram-me para ir à Alemanha pedir um empréstimo de 50 milhões de contos, e fui. Mas não se compara com o sufoco de pedir 80 mil milhões, adiantou.
Muito embora considerando que a actual crise que atinge o país é o resultado da conjunção do impacto da crise internacional, o consumo nacional e a acção das autoridades políticas, António Barreto referiu considerar que os responsáveis políticos são, no seu entender, os principais responsáveis.
As autoridades nacionais deveriam ter previsto as situações mais difíceis que atravessamos e deviam ter tomado medidas há anos, afirmou. Bastava que há dois anos houvesse um governo de coligação e tudo seria mais simples, acrescentou. Na altura seria possível não fazer mais parcerias público-privadas e parar o TGV, exemplificou para dar conta de algumas das medidas que deveriam ter sido tomadas.
Agora, entende, será necessário o entendimento entre partidos que cesse com a permanente crispação política, o reforço do esforço nacional em simultâneo com a preservação de algum apoio social, uma vez que não é possível preservar a protecção que existe actualmente.
Já o empresário Henrique Neto, centrando a sua intervenção sobre o futuro da região de Leiria, apontou as suas vantagens: pouca dependência do Estado, diversidade económica e empreendedorismo. Lamentou que cá, como no país, falte comunicação entre os vários actores económico-sociais, bem como autarquias que apostem numa estratégia de desenvolvimento económico. Mas deixou uma palavra de esperança: Se pensarmos a região de forma integrada, penso que Leiria pode ser um caso de sucesso».

in Região de Leiria, 12 de Maio de 2011

Prémio Villa Portela

RICARDO CHARTERS D' AZEVEDO
Associado da ADLEI

Com o duplo objectivo de homenagear os meus antepassados que viveram na Villa Portela, em Leiria, e contribuir para o desenvolvimento da investigação em História Local do distrito de Leiria e do concelho de Ourém, resolvi instituir um prémio, a ser atribuído pela ADLEI – Associação para o Desenvolvimento de Leiria, com a colaboração da Câmara Municipal de Leiria, do Instituto Politécnico de Leiria e da editora Gradiva. Este prémio com uma periodicidade bienal, realizando-se em 2011 a primeira edição, tem como data limite para apresentação dos trabalhos concorrentes, o dia 31 de Julho de 2011. O regulamento pode ser solicitado à ADLEI (adlei.leiria@gmail.com).

Na actualidade, a importância da história vem sendo enfatizada, mais e mais, observando-se a sua vivacidade no crescente impacto sobre o quotidiano das pessoas por meio do jornalismo instantâneo e de pesquisa, dos média em geral, da internet e das novas tecnologias da informação.

Ademais, as últimas décadas do século XX trouxeram-nos tantas e tão profundas mudanças que a necessidade de mergulhar na história é uma obrigação. Talvez, como nunca, se sinta tanto a necessidade de saber quem somos, de onde viemos e para onde vamos.

Sem investigação histórica poderemos cometer muitos erros de interpretação dos dados arqueológicos; sem investigação histórica deixamos de ter um melhor conhecimento sobre o que se passou antes de nós estarmos cá; sem investigação histórica parece-me difícil que possamos interpretar correctamente os sinais da evolução e de desenvolvimento do presente e traçar rumos para o futuro.

Sempre me pareceu que o conhecimento do passado e das suas instituições, quando se não converta no culto saudosista de arcaísmos, muito contribui para imprimir mais consciente vigor ao anseio de renovação e de progresso que deve ser uma constante da nossa vida colectiva.


in Diário de Leiria, 9 de Maio de 2011

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Jornada de Estudo «Tomás Oliveira Dias: o homem e as causas»

A ADLEI vai realizar a Jornada de Estudo Tomás Oliveira Dias - O Homem e as Causas, no próximo dia 21 de Maio, pelas 17h, no Teatro Miguel Franco, em Leiria. Com esta iniciativa, a ADLEI pretende promover um reconhecimento público da vida do ilustre cidadão Tomás Oliveira Dias, pelo seu esforço em prol da democracia e do inequívoco valor que mantém na sociedade portuguesa e em particular na região de Leiria. As inscrições para a jornada e para o jantar decorrem até 13 de Maio, através dos telefones 244815160 / 915358031 ou e-mail da ADLEI adlei.leiria@gmail.com. O jantar realiza-se na Sala de Conferências do Turismo de Leiria, no Jardim Luís de Camões, e terá o preço de 25€ (a pagar no próprio dia do jantar, em numerário ou cheque).


domingo, 1 de maio de 2011

O papel dos roteiros culturais


ORLANDO CARDOSO
Associado da ADLEI 

O sucesso de uma viagem depende, naturalmente, do primeiro impacto que o lugar, ou sítio, visitados provocam no viajante. As alternativas desse primeiro contacto são simples: conquista-o e o sucesso da visita é óbvio, ou repele-o de um modo que, muitas vezes, se pode tornar definitivo.

É verdade que o viajante prevenido vale por dois e a prevenção tende a incidir cada vez mais sobre os materiais de apoio a que tem a possibilidade de aceder, garantindo-lhe o despertar necessário para a descoberta de encantos que podem ser, ou tornar-se, gratificantes. Contudo, numa sociedade de informação como a nossa, torna-se cada vez mais importante que os anfitriões promovam de modo sóbrio e atractivo os lugares que lhes couberam em sorte, recusando muito do lixo que se divulga como sendo propaganda turística.

Viajar é um acto cultural que se distingue de turismo, diferença de que falaremos em próxima oportunidade. É fundamental para o viajante dispor de materiais de apoio que possam ir ao encontro dos seus interesses. Isso implica um esforço das entidades responsáveis na organização de roteiros temáticos capazes de ajudá-lo a organizar os seus trajectos sem necessitar de outro guia além do roteiro que leva nas mãos.

Os roteiros culturais podem e devem ser diversificados, abrangendo as mais diversas áreas. Eles não se excluem uns aos outros, mas completam-se e cumprem a sua função de dar uma visão completa do que há para oferecer. Compete aos responsáveis pela dinamização cultural leiriense a vontade de implementar, na prática, estes percursos, tornando-os numa realidade permanente e não apenas pontual. As bases desse trabalho estão lançadas, urgindo a sua potencialização e diversificação em áreas eventualmente não abordadas.

A região de Leiria, mais precisamente a cidade, possui hoje alguns roteiros culturais que vão no sentido da unidade na diversidade de que falámos atrás. Embora a sua elaboração não tenha tido uma coordenação efectiva, nem sido planificada, estes roteiros resultam do esforço de muitas pessoas que amam a cidade e que fizeram trabalhos de qualidade muito acima do que é habitual encontrar noutras paragens. De facto, Leiria dispõe de roteiros sobre o Castelo, Korrodi, Miguel Torga, do Moinho de Papel à Tipografia, Leiria Queirosiana, o Centro Histórico, Compras e outros. Estes roteiros permitem, actualmente, ao visitante conhecer e fruir aquilo que torna a cidade peculiar e fascinante.

Leiria não é apenas um lugar “onde há umas ruínas”, como escreveu Eça de Queirós. Mas é necessário que o âmbito dos roteiros culturais que temos se alargue em termos temáticos, de modo a que seja possível assumir que há muito mais para ver, além do castelo.

in Diário de Leiria, 25 de Abril de 2011