domingo, 15 de maio de 2011

Oficina de Formação «Prevenir a Violência nas Escolas»


Na sequência da Oficina de Formação Prevenir a Violência nas Escolas, a ADLEI divulga as principais notas das primeira e segundas conferências realizadas, a 30 de Abril e 7 de Maio '11, respectivamente. A iniciativa contou com a participação de docentes de todos os níveis de ensino e teve o apoio do Centro de Formação da Rede de Cooperação e Aprendizagem.


O imperativo da responsabilização do aluno: exigir acção, energia, intenção, esforço, estudo, dedicação; combater crenças que desresponsabilizam os alunos; os pais têm que mostrar aos filhos que o trabalho é imperativo…Quem dá pão… tem que saber dizer não! Se o amor dos adultos é importante, não há aprendizagem sem condicionamento. O amor é necessário mas não se aprende sem regras, sem clara imposição de limites. Para educar, é mesmo necessário que alguém mande. É necessário que alguém se resigne a ser adulto. É preciso que alguém se resigne a dizer não. Tanto na família como na escola. Não se educa em liberdade, mas podemos educar para a liberdade! Com regras, limites, castigos e recompensas e… alguma sorte!

João Barreiros, professor


Contra a indisciplina, substituir a obrigação do saber, pela necessidade e prazer do saber-fazer. Na sala de aula a participação de cada um e a dinâmica colectiva são determinantes. 

Para combater a indisciplina importa transformar o ambiente de ensino num ambiente de ensino - aprendizagem. Transformar a sala de aula numa oficina de descoberta/pesquisa/investigação. Algumas dificuldades dos pais: a perda da autoridade dos pais e a sua substituição pelo papel de amigos; as alterações sociais provocadas pela aldeia global; as novas comunicações e as novas relações; desactualização dos pais.

Necessário e urgente promover algumas alterações conceptuais sobre os papéis formais de cada agente. Papel da Escola: fomentar a experiência do individuo perante a aventura humana da desconstrução e reconstrução  do conhecimento. Papel do Aluno: colocar em prática o pensamento lógico – barulho e agitação passam a ser catalisadores do acto de conhecer. Papel do Docente: negociação constante.

Outros requisitos: vínculos concretos aluno/professor/relação; fidelidade ao contrato pedagógico envolvendo ambas as partes; permeabilidade para mudanças e intervenções.

 Adelino Antunes, sociólogo


A afectividade na relação pedagógica: a questão da afectividade não diz respeito só aos alunos (…). Cada escola define o seu caminho e constrói o seu projecto, quando se fala em diálogo, respeito, valores, trabalho em equipa e projectos inovadores

Adélia Lopes, professora


Os factores associados à indisciplina: família; alunos; relação entre Ministério da Educação e escola; turmas; sociedade; professores. Uma gestão preventiva da indisciplina: compromisso escrito da comunidade educativa com a disciplina; promoção de uma ambiente escolar humanista; a direcção da escola “visível” e encorajadora à actuação de professores, alunos, auxiliares e pais; estreitas relações entre a escola e a comunidade; estreitas relações entre a escola e a família; grupo de professores com partilha e cultura de diálogo.


 Luís Picado, psicólogo


O que fazer para melhorar a convivência escolar, na perspectiva da administração escolar, alguns exemplos: Desenvolvimento de campanhas de dignificação do trabalho docente que devolva aos professores a auto-estima e lhes reconheçam a importância do seu trabalho; criação de comissões disciplinares operacionais com competência para tomar medidas correctivas imediatas, perante as atitudes que prejudiquem a convivência escolar e a dignidade do professor; criação de um Perfil de Assessor para Educação sobre a Conflitualidade; criação de um horário dedicado exclusivamente ao acompanhamento dos alunos em causa; programas de apoio, reforço e tutoria; aumento do número de professores de apoio; diminuição do ratio de alunos por turma; acompanhamento dos alunos conflituosos por uma Equipa de Apoio Educativo; campanhas de sensibilização social sobre o grave problema da violência escolar; desenvolvimento de políticas educativas para reduzir o absentismo escolar; colocação em marcha de estratégias atractivas de educação e de formação para os alunos; Cursos de Formação para Pais; acções de Formação na Educação para os Valores.

Paulo Costa, psicólogo

Bullying (maltrato entre pares)

O perfil do agressor: extroversão, desejo de domínio, poder e intimidação, desrespeito pelas normas/direitos dos outros, fraco envolvimento escolar/má imagem, baixo rendimento escolar, elevada auto-estima, popular, dificuldades de auto-controlo e comportamentos aditivos.”

O perfil da vítima: baixa auto-estima, ansiedade/medo/fobias, sintomas físicos (dores de cabeça,…), pesadelos, crises de pânico, isolamento, tristeza, timidez, concentração comprometida, absentismo, vulnerabilidade e níveis elevados de neuroticismo.

Indícios de maus tratos: mudanças no comportamento e de humor, tristeza, choro ou irritabilidade, pesadelos, insónia e/ou perda de apetite, dores somáticas, de cabeça, estômago ou vómitos, perda ou deterioração de pertences escolares ou pessoais, golpes, hematomas ou escoriações com desculpas pouco convincentes, recusa para sair e falta de relacionamento com os colegas, não participação em visitas de estudo ou outras actividades, pede que o acompanhem quando vai ou sai da escola e recusa em ir à escola.

Cristina Marques, psicóloga



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