terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Boas festas

A ADLEI deseja a todos os seus associados e amigos, um feliz natal e um excelente ano novo!

Fórum cívico

JOSÉ RIBEIRO VIEIRA
Presidente da Assembleia-Geral da ADLEI

A Adlei propôs, em boa hora, um programa de contacto com a comunidade, que designou por “cidadania activa”, na perspectiva de alertar e mesmo acordar as pessoas, especialmente aquelas que têm direitos e deveres que resultam de poder votar, para as consequências negativas de um certo adormecimento a que o exercício da democracia chegou. À “cidadania activa” que se pretende invocar, opor-se-á a “passiva”, aquela que é mais comum sentir-se nas nossas comunidades, seja freguesias, concelhos, cidades, ou outras expressões de território, onde o próprio país também cabe.

A “cidadania activa” que aqui se quer lembrar não é a que se faz nas mesas dos cafés, ou na esquina das ruas, nem sequer nas pequenas tertúlias de bares e outros locais que por vezes se confundem com lugares de diversão. A “cidadania activa” que a Adlei quererá promover é a que diz respeito à eventual discussão pública das coisas que públicas são também, ou seja, que dizem respeito a todos nós. Serão certamente debates, participações políticas diversificadas e transparentes nos partidos, e a mobilização social para causas que urge defender, sob pena de vermos pior a qualidade de vida da terra onde vivemos e deste quase pobre país.

É mais fácil continuar a dizer que as razões das nossas dificuldades residem nos outros, que eles são os culpados de tudo o que está menos bem. É mais cómodo falar mal do Governo, da câmara, ou de outras entidades públicas, acusando-as de não fazerem o que devem, de deixarem poluir rios, de terem construído estádios e outros equipamentos ditos desportivos ou sociais que de pouco servem, criando antes dificuldades ao desenvolvimento da região, seja ela concelho ou país.
É mais fácil permanecer-se à frente da televisão, sentado no sofá, a ver e ouvir o pior que dizem os locutores sobre o pior que o país tem. Porém, a “cidadania activa” que a Adlei quer, é a que passa por todos e cada um, participando nos debates sobre a região, forçando a correcção do que está mal. É a cidadania da contestação, da indignação, se necessário for. Penso eu.
Deixo uma ideia. Que se crie um “Fórum Cívico” no contexto da actividade da Adlei e que se ocupe a Praça Rodrigues Lobo, emblemática da cidade, a discutir uma vez por mês um tema que interesse a todos. Deixo exemplos: a segurança, a célebre despoluição do Rio Lis e, porque não, a despoluição dos mares. A qualidade das praias, o comportamento dos partidos e a forma de os emendar. Bastará criar um palco, distribuir cadeiras pela Praça, criar o tema e convidar os cidadãos a comparecer com propostas e ideias que poderão servir de solução a apresentar a quem tem responsabilidades de corrigir tanta coisa pública e até privada, que está mal.
Não faltariam assuntos e penso que gente também não, se fossem planeadas as acções e divulgadas com tempo. Claro que esta “ocupação” pressupunha autorização cívica da câmara, certamente desejosa de participar neste contexto da activa cidadania.

in Diário de Leiria, 20 de Dezembro de 2010

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

O futuro começa já amanhã

PEDRO MELO BISCAIA
Ex-Presidente da ADLEI

Por mero acaso, li um provérbio oriental que dizia “ninguém tropeça numa montanha”! Há, subsequente a estas palavras da ancestral sabedoria meditativa de raiz pragmática, uma curiosa noção de estratégia prospectiva, entendida como a forma de tomarmos, hoje, as opções decisivas para o futuro. A dimensão da montanha, ou se quisermos do problema, determina que se encontrem modos de a/o contornar ou de a/o superar através de uma abordagem coerente e eficaz, podendo daí resultar a descoberta de oportunidades onde, aparentemente, só existiam dificuldades intransponíveis. Esta via exige arrojo e mobilização dos meios existentes, sabendo usá-los na proporção adequada entre as necessidades e as possibilidades. Pelo contrário, o que nos faz tropeçar, são pequenos escolhos a que nem sempre damos a atenção devida, são os imprevistos para os quais não temos resposta preparada ou são os obstáculos sobre os quais fazemos uma avaliação diagnóstica insuficiente.

Esta ilação, suscitada pelo referido provérbio oriental, aplica-se quer à vida de cada um, quer à gestão de organizações ou à governação da cidade. O grande problema, quando devidamente identificado, pode ser enfrentado através de uma equilibrada alocação de recursos, na definição de uma hierarquia de prioridades ou na definição de uma sequência de acções pró-activas. Ou, em extremo, poderá ser evitado numa conduta mais esquiva seguindo o conselho que Sun Tzu escreveu há 2000 anos: “ dominar o inimigo sem o combater, isso sim, é o cúmulo da habilidade”. Porém, são as pequenas dificuldades, aparentemente desconexas entre si que, uma vez somadas, podem tolher os nossos passos distraídos da realidade concreta. Dito isto, creio que o planeamento estratégico, sendo um instrumento essencial de gestão prospectiva, não pode ofuscar os pequenos-grandes nadas de que se reveste o nosso presente e que definem a qualidade do quotidiano dos cidadãos. Assim sendo, a participação (formal e informal) de um alargado número de actores sociais no debate associado à decisão, é fundamental para inventariar as legítimas aspirações comunitárias permitindo, em fase posterior, sintetiza-las em vectores seguros de desenvolvimento colectivo e, simultaneamente, ir implementando acções de demonstração do rumo pretendido.


in Diário de Leiria, 6 de Dezembro de 2010