segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Turismo na região: miragem ou realidade

JOÃO MORGADO
Associado da ADLEI

O título desta crónica foi também o tema de um debate que organizei há 3 anos, num tempo em que o cronista ocasional que hoje vos escreve (se o barrete cabe aos políticos também caberá aos cronistas) era ainda um imberbe. Na altura estava na calha a reforma das regiões de turismo, pelo que em conjunto com dois colegas organizei um debate com o Presidente da Região de Turismo Leiria/Fátima, na altura Miguel Sousinha, o Presidente da Câmara Municipal da Nazaré ainda em funções e o criador de marcas Carlos Coelho, como culminar de um trabalho escolar sobre turismo na região de Leiria.

Desse debate depreendi algumas ideias bastante claras: se por um lado sempre entendi que a região tem um enorme potencial por explorar no sector por outro, a manutenção da região de turismo de Leiria/Fátima pareceu-me desde o inicio um incontornável equívoco, o que os recentes desenvolvimentos quanto à sua inoperacionalidade vêm confirmar.  

Admitindo que esta conclusão poderá parecer algo severa para o leitor mais bairrista, passo explicar os factores que me conduziram a ela. Em primeiro lugar destacaria o facto de a região ter ficado amputada de dois dos seus concelhos mais importantes aquando da reestruturação, entenda-se Nazaré e Alcobaça ou, trocando por miúdos, uma das praias mais emblemáticas do país e um dos seus monumentos mais importantes. Outro dos pontos que me parece evidente é que uma região de turismo desta dimensão nunca terá capacidade de se projectar internacionalmente – quando não há dinheiro para salários não haverá para mais nada. De resto, este último argumento aplica-se a qualquer região do país à excepção de Lisboa, Porto e Algarve, para às quais a história e a geografia se encarregaram de fazer esse trabalho.

Sem mais demoras, a única forma de “exportar” a nossa região - ou qualquer outra - será necessariamente através da criação de um “produto” turístico que integre tudo o que ela tem de bom, (os mosteiros, as praias, os castelos, a gastronomia…), e que possa ser vendido nos sítios onde chegam os turistas, voltando a trocar por miúdos – Lisboa!

in Diário de Leiria, 24 de Outubro de 2011

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Leiria: é preciso...!


PEDRO CORDEIRO
Membro da Direcção da ADLEI 

Os Portugueses como outros conhecem bem os problemas do endividamento e o quanto honrado será pagar as contas, todos respeitamos os sacrifícios dos outros como esperamos que reconheçam os nossos, todos queremos mudar de assunto, pois relativamente a isto parece não haver nada mais a fazer. 

As contas da Câmara Municipal Leiria têm evidentemente condicionado a sua operacionalidade e concentrado o seu discurso nesse monstro da gestão dos problemas, parece também não haver mais nada a dizer.


A Câmara Municipal de Leiria é uma estrutura com dimensão para desenvolver projectos próprios, estratégicos, e tem o privilégio de estar informada como ninguém sobre o seu município, como tal, tem potencial para propor mas o que sentimos é um certo torpor. Como os portugueses a Câmara Municipal de Leiria está deprimida!


Como todos, a Câmara Municipal de Leiria tem de facto problemas mas também responsabilidades administrativas diferentes das empresas e das famílias. Enquanto administração local tem ainda competências, que geram legitimas expectativas nos munícipes, que estão muito para além da sua honrada contabilidade.


Todos gostávamos de conhecer a sua estratégia ou mesmo e apenas, uma romântica ideia para o futuro desta cidade, seria como sonhar com os melhores dias que “virão”…


Para isso, será necessário desenvolver o trabalho, provavelmente já feito, do levantamento da condição actual do município, reconhecer a essência dos problemas e o potencial existente, ponderar e propor um caminho que todos possamos compreender e se possível todos possamos acelerar.


“É preciso…” entender a cidade para saber entender o seu papel. “Não é preciso…” acreditar na especialização, podem ser várias as especialidades e uma cidade é sempre complexidade,
                                                                       mas que o seu conjunto seja Leiria e uma ideia.

in Diário de Leiria, 10 de Novembro de 2011

Fórum «Melhorar a Escola»

SANDRA CAMPOS
Membro da Direcção da ADLEI 

A Associação para o Desenvolvimento de Leiria (ADLEI) e a Câmara Municipal de Leiria organizaram o fórum “Melhorar a Escola” no passado dia treze de Setembro no auditório da ESTG. Especialistas da Escola Superior de Educação e Ciências Sociais debruçaram-se sobre três eixos principais: a liderança, o processo de melhoria e avaliação externa e comunicação e identidade das escolas.

O professor doutor José Manuel Silva sublinhou a ideia que a liderança comanda o desempenho em todo o tipo de organizações. Deste modo, a escola, como organização, necessita de uma liderança forte, que associe a competência técnica à concepção de um quadro de valores sólido e a uma visão e missão. Melhorar a escola exige a emergência de uma liderança que influencie os vários actores educativos a alcançarem os fins desejáveis da organização iniciando processos de melhoria.

No âmbito do modelo da avaliação externa das escolas públicas, o professor doutor José Brites Ferreira enquadrou a escola como uma organização historicamente sempre em crise cujas reformas consecutivas impedem a existência de momentos de reflexão sobre questões fulcrais para o processo de melhoria. De facto, a escola apenas pode agir nos aspectos que lhe são exclusivos dado que muitos outros existem dependentes de uma agenda social e política à qual é alheia. A escola surge assim como uma organização dependente mas que se quer autónoma embora essa mesma autonomia lhe seja recusada nos mais básicos procedimentos pedagógicos e organizacionais. Para melhorar é necessário assumir-se como uma organização aprendente que utiliza os meios disponíveis, como a avaliação externa, para iniciar processos de mudança: a definição da visão, missão, contexto, colaboradores e clima interno.

Mas o que é então uma escola de qualidade? Os livros dizem-nos que é aquela que acrescenta valor aos seus alunos, a todos sem exceção. Como se constrói essa escola de qualidade? De acordo com a investigadora professora doutora Susana Faria, a qualidade exige a construção de uma identidade colectiva que se consegue, por sua vez, através de estratégias de comunicação ativas e investindo na eficiência organizacional. Uma escola deve afirmar-se no mercado, assumir a diferença, divulgando as suas práticas, adoptando uma imagem de marca única.

Nunca antes esta questão foi tão debatida em Portugal e, apesar de todas as opiniões catastróficas, a escola pública está no caminho da qualidade. Mas é necessário compromisso na colaboração responsável de todos os que, todos os dias, cruzam os portões de uma escola.

in Diário de Leiria, 3 de Outubro de 2011

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Fórum «Melhorar a Escola» - Síntese das Conclusões

 O PAPEL DAS LIDERANÇAS NA MOTIVAÇÃO DOS PROFESSORES
 Professor Doutor José Manuel Silva - Instituto Politécnico de Leiria
-Gestão da escola é igual à gestão de uma organização, a escola deve assumir-se como organização;
-A liderança comanda o desempenho em todo o tipo de organização;
-Líder é aquele que é reconhecido como tal, influenciando os outros a alcançarem os fins desejáveis e inspirando acções, motivações, objectivos e processos de mudança;
-As escolas precisam de lideranças fortes e concretas que exige competência técnica específica. O modelo actual responsabiliza a figura do director;
-Gerir é estabelecer e alcançar metas da organização e liderar é fazer andar a organização;
-As escolas precisam de uma missão, visão e um quadro de valores sólido que reja a organização;
- A comunicação directa e em tempo útil é muito importante entre os vários actores da cena educativa;
-A motivação é a força que vem de dentro, cada um pode fazer a diferença dentro dos objectivos colectivos;
-A importância da motivação dos professores através de uma boa liderança;
-A liderança constrói-se e a auto-liderança é o que fazemos para que algo funcione;
-Há um grande caminho a percorrer que requer humildade e abertura.

MELHORAR A ESCOLA
 Professor Doutor José Brites Ferreira - Instituto Politécnico de Leiria
 Reflexão / investigação:
-Melhorar a escola é uma missão impossível dado o número de variáveis envolvidas;
-Existe uma “agenda” externa à escola que interfere nos mecanismos de mudança e melhoria;
-A desvalorização dos diplomas escolares é um sintoma da crise da escola;
-Melhorar a escola – exige mudança – que não garante melhoria efectiva;
-Nos momentos de reforma não há momentos para reflectir sobre as questões fundamentais e este facto causa atrito na evolução da educação;
-A escola deve procurar melhorar os aspectos que dependem exclusivamente dela e que sejam facilmente operacionalizados;
-A melhoria requer sempre: visão, missão, contexto, colaboradores e clima interno.
Avaliação externa das escolas/agrupamentos:
-Os resultados da avaliação externa são muitas vezes diferentes da imagem pública que a escola goza na sua comunidade;
- Ao nível do serviço educativo falta apostar na articulação e sequencialidade;
-Os resultados Bom/Muito Bom no domínio da liderança contrasta com a agenda política e com os argumentos usados para a mudança do modelo de gestão das escolas.

COMUNICAÇÃO E IDENTIDADE COLECTIVA
Professora Doutora Susana Faria – Instituto Politécnico de Leiria
-Necessidade de redefinição da identidade organizacional;
-É importante a comunicação no novo contexto da escola aberta à comunidade;
-Comunicar para ser reconhecido, comunicar para divulgar as actividades da escola e também comunicar para partilhar valores e interesses comuns;
-A qualidade assenta num grande investimento em estratégias de comunicação, na eficiência administrativa;
-A qualidade prevê um ideal burocrático, um ideal empresarial e um ideal profissional;
-A comunicação torna-se uma meta - ideia;
-Uma boa escola quer-se: humanista - desenvolvendo processos de comunicação democráticos e participantes; tecnológica – apoiada pelas tecnologias de informação e comunicação; dinâmica – respondendo a uma diversidade de públicos; diferente - quando constrói uma identidade própria assumida por todos.

A ESCOLA A TEMPO INTEIRO: ACTIVIDADES DE ENRIQUECIMENTO CURRICULAR – coordenação e gestão;
 Dr. Jorge Bajouco – Director do Agrupamento de Escolas da Maceira
A emergência da (re)organização escolar impõe um maior/melhor enquadramento das Actividades de Enriquecimento Curricular (AEC), não perdendo a valorização que representam.
Os constrangimentos resultantes da planificação das AEC, com dificuldades na organização dos horários e dos espaços, a insuficiência de recursos e toda a fragilidade estrutural poderão ser superados com o maior envolvimento/responsabilidade de órgãos e estruturas escolares/educativas e com mais intervenção e compromisso por parte da comunidade educativa.
A evolução conseguida resulta de mais-valias que as comunidades escolares encontraram nas suas realidades, fazendo valer competências, capacidades e o sentido profissional dos intervenientes, associado à disponibilidade/envolvimento dos responsáveis.
Mantendo este sentido evolutivo, continuam a questionar-se os formatos organizacionais que compatibilizem uma realidade educativa/escolar, devidamente sustentada em acções que valorizem as aprendizagens, sem descurar as fases de desenvolvimento fundamentais na formação integral das crianças e dos jovens.
Em tempos de racionalização de meios e recursos, urge priorizar e valorizar as dimensões necessárias, aproveitando contextos organizacionais já estruturados e com experiência adquirida, onde a realidade escolar possa manter e integrar as iniciativas de enriquecimento curricular.
Recentrar as AEC na Escola, mobilizando os instrumentos de autonomia, aproveitar as sinergias comunitárias, com mais e melhor articulação entre responsáveis e participantes no processo, poderá ser a condição para melhorar o trajecto que conduza a uma escola para todos com qualidade.
Atribuir à Escola/Agrupamento a responsabilidade de gerir os recursos humanos, técnicos e físicos (considerando os meios necessários e indispensáveis) poderá evitar os tradicionais constrangimentos e superar as dificuldades organizacionais, permitindo assim conciliar/articular os recursos necessários.

Organização: Associação para o Desenvolvimento de Leiria e Câmara Municipal de Leiria
Apoios: Centros de Formação de Professores: LEIRIMAR (Marinha Grande); Centro de Formação da Rede de Cooperação Aprendizagem (Batalha); Escola Superior de Tecnologia e Gestão; Instituto Politécnico de Leiria; Livraria Arquivo; Jornal de Leiria.