segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Tempos de crise, tempos de acção


JOSÉ AUGUSTO ESTEVES
Membro da Direcção da ADLEI 

Com as medidas já anunciadas e o vasto programa de dolorosa austeridade imposto ao país, 2012 será um ano de acrescidas dificuldades para uma grande parte dos portugueses, de agravamento da crise económica e de injustificados dramas sociais. Mas seja qual for a leitura e a perspectiva que cada um tenha acerca do que será o ano que agora dá os primeiros passos, ele não pode ser um tempo de aceitação resignada de opções que não são únicas, nem neutras e muito menos inevitáveis, quer no plano nacional, quer no plano local.
Para aqueles que assumem um compromisso de intervenção cidadã, este é um tempo ainda mais exigente de acção. Desde logo, mantendo uma viva vigilância crítica em relação aos que à sombra da crise e por sua causa passaram a adiar e até a condenar em definitivo antigas e justas aspirações das populações, de que é exemplo o que está a acontecer com a Linha do Oeste. Mas, acima de tudo, contribuindo para manter viva a exigência e a procura de solução de muitos problemas que a comunidade em que nos inserimos enfrenta. Uns serão problemas que assumem uma nova amplitude com a crise, agravadas pelas opções de política económica e social que estão a ser tomadas, como é caso do desemprego e da pobreza que não podem ser calados e aceites de forma conformada, incluindo pelos poderes locais. Outros serão problemas que há muito se arrastam e são imprescindíveis ao desenvolvimento local e regional.
A crise não pode ser pretexto para adiar por mais tempo uma solução para a despoluição da Bacia do Lis, nomeadamente o grave problema da recolha e tratamento dos efluentes agro-industriais e prioritariamente a concretização do sistema de despoluição suinícola que agora conhece um novo e inexplicável contratempo com o auto afastamento da Simlis/Águas de Portugal desse projecto. Assim como as dificuldades financeiras não podem explicar os atrasos na conclusão e aprovação do Plano de Pormenor do Centro Histórico de Leiria ou da revisão do plano Director Municipal, dando resposta a sentidas aspirações das populações que sentem o desenvolvimento das suas terras cerceado.
São insistentes os convites ao conformismo e à resignação, mas esses não são os nossos desejos para o ano novo que aí está.

in Diário de Leiria, 2 de Janeiro de 2012

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