TOMÁS OLIVEIRA DIAS
Ex-Presidente da ADLEI
Causou grande emoção entre nós a morte do Engº Ribeiro Vieira. A Comunicação Social, a par de muitas figuras nacionais e locais, assim como colaboradores e amigos, expressaram publicamente o seu desgosto prestando-lhe sincera homenagem. Alguns poderão pensar que está tudo dito a seu propósito. Não sou dessa opinião. Julgo que a sua vida e o seu exemplo merecem uma reflexão mais profunda nas suas várias facetas.
Vêm-me à memória as suas «crónicas sem título», que marcam de forma indelével a sua fase final de maturidade plena e de sabedoria. Leitor assíduo dessas crónicas, recordo em especial a que dedicou a Leonel Costa, falecido pouco tempo antes. Podemos imaginar com que emoção o terá feito, companheiros na vida e, agora, na morte. Essa presumível emoção, porém, não transparece do seu texto escrito com serenidade e traçando objectivamente o perfil de quem com ele tinha muitas afinidades e que agora o precedia.
É que Ribeiro Vieira foi sempre um homem de coragem e de serenidade nos vários campos da sua actividade. Podia não estar de acordo, manifestando a sua opinião, mas sempre sem perder o «fair play». Pautou a sua vida pela defesa da aldeia que o viu nascer, da cidade onde exerceu a sua actividade, da região onde estava inserido, do país que sempre trazia no coração.
Como empresário abalançou-se com sucesso a muitos empreendimentos que impulsionava de perto, sem virar a cara aos riscos que teve de correr. Como político, defendeu sempre a democracia com papel activo como militar na revolução Agiu sempre de harmonia com as suas ideias sem se vincular a qualquer força partidária, embora defendendo os partidos. Agiu como independente conforme as suas convicções e aquilo que considerava serem os interesses nacionais e locais. Nunca cedeu a pressões. Era um homem de coragem.
Nos domínios da comunicação social, abalançou-se ao lançamento de um novo jornal, que, na época, muitos julgaram votado ao insucesso e, afinal, tem sido um grande factor de progresso cultural e de desenvolvimento da nossa região. Também aqui foi um homem de coragem.
Nos domínios do associativismo, como presidente do Nerlei, teve papel muito importante na defesa da actividade empresarial do concelho e do distrito, lançando múltiplas iniciativas, estabelecendo contactos e organizando reuniões, com altos responsáveis.
Nos domínios do associativismo cívico, foi um dos fundadores da ADLEI, que apoiou activamente, facultando-lhe as primeiras sedes e intervindo em muitas das suas realizações. Recordo também a sua actividade como presidente da ADLEI e os esforços que desenvolveu no sentido de Leiria ser considerada uma Região de Excelência. Também em matérias de desenvolvimento regional e social foi um homem de coragem.
Por tudo isto e pelo o que ficou por dizer a nossa gratidão. Espero que o seu exemplo perdure e sirva de referência às novas gerações.
in Diário de Leiria, 30 de janeiro de 2012