JOSÉ RIBEIRO VIEIRA
Presidente da Assembleia-Geral da ADLEI
A Adlei propôs, em boa hora, um programa de contacto com a comunidade, que designou por “cidadania activa”, na perspectiva de alertar e mesmo acordar as pessoas, especialmente aquelas que têm direitos e deveres que resultam de poder votar, para as consequências negativas de um certo adormecimento a que o exercício da democracia chegou. À “cidadania activa” que se pretende invocar, opor-se-á a “passiva”, aquela que é mais comum sentir-se nas nossas comunidades, seja freguesias, concelhos, cidades, ou outras expressões de território, onde o próprio país também cabe.
A “cidadania activa” que aqui se quer lembrar não é a que se faz nas mesas dos cafés, ou na esquina das ruas, nem sequer nas pequenas tertúlias de bares e outros locais que por vezes se confundem com lugares de diversão. A “cidadania activa” que a Adlei quererá promover é a que diz respeito à eventual discussão pública das coisas que públicas são também, ou seja, que dizem respeito a todos nós. Serão certamente debates, participações políticas diversificadas e transparentes nos partidos, e a mobilização social para causas que urge defender, sob pena de vermos pior a qualidade de vida da terra onde vivemos e deste quase pobre país.
É mais fácil continuar a dizer que as razões das nossas dificuldades residem nos outros, que eles são os culpados de tudo o que está menos bem. É mais cómodo falar mal do Governo, da câmara, ou de outras entidades públicas, acusando-as de não fazerem o que devem, de deixarem poluir rios, de terem construído estádios e outros equipamentos ditos desportivos ou sociais que de pouco servem, criando antes dificuldades ao desenvolvimento da região, seja ela concelho ou país.
É mais fácil permanecer-se à frente da televisão, sentado no sofá, a ver e ouvir o pior que dizem os locutores sobre o pior que o país tem. Porém, a “cidadania activa” que a Adlei quer, é a que passa por todos e cada um, participando nos debates sobre a região, forçando a correcção do que está mal. É a cidadania da contestação, da indignação, se necessário for. Penso eu.
Deixo uma ideia. Que se crie um “Fórum Cívico” no contexto da actividade da Adlei e que se ocupe a Praça Rodrigues Lobo, emblemática da cidade, a discutir uma vez por mês um tema que interesse a todos. Deixo exemplos: a segurança, a célebre despoluição do Rio Lis e, porque não, a despoluição dos mares. A qualidade das praias, o comportamento dos partidos e a forma de os emendar. Bastará criar um palco, distribuir cadeiras pela Praça, criar o tema e convidar os cidadãos a comparecer com propostas e ideias que poderão servir de solução a apresentar a quem tem responsabilidades de corrigir tanta coisa pública e até privada, que está mal.
Não faltariam assuntos e penso que gente também não, se fossem planeadas as acções e divulgadas com tempo. Claro que esta “ocupação” pressupunha autorização cívica da câmara, certamente desejosa de participar neste contexto da activa cidadania.
in Diário de Leiria, 20 de Dezembro de 2010
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