ANA NARCISO
Associada da ADLEI
Temos uma geração “à rasca” outra endividada e uma outra encravada entre um passado que não escolheu e um presente que os ignora - a geração sénior - silenciosamente encravada. A este propósito, recordo uma piada registando um diálogo entre avó e neta que fez furor nas caixas de correio electrónico:
- Com a tua idade, eu, já trabalhava!
A neta respondeu:
- E eu com a tua idade, ainda, estarei a trabalhar!
Num diálogo tão simples está lá tudo: a mágoa de uma vida que já passou e a perspectiva de um futuro sem chama.
Como romper este círculo vicioso?
Alterando e adaptando padrões de comportamento incompatíveis com a mudança provocada pelo aumento da longevidade da população. Um benefício evidente não pode ser transformado em pesadelo, porque os responsáveis pela gestão da polis não reagem a factos; incontornaveis para uma geração que se vê excluída, mas que supostamente devia continuar activa e de bem com a vida.
Exigem-se de medidas dirigidas a esta franja (?) da população que quer continuar autónoma , mas que se vê privada de o fazer, refugiando-se em casa à espera de outro dia igual a outro e a outro e a outro. Alguém já exigiu a mudança dos horários da Rodoviária Nacional imutável há mais de 50 anos? Como se podem deslocar aos centros de saúde ou a espectáculos e a outros bens culturais quando não há transporte compatível com a projecção de um filme ou de uma palestra? E neste cenário a geração “à rasca” e a geração – silenciosamente – encravada encontram-se… reféns de uma boleia… O acesso através de transportes públicos é quase inexistente; a dependência é total, a resignação uma fatalidade que gera depressão e revolta.
Exigem-se de medidas dirigidas a esta franja (?) da população que quer continuar autónoma , mas que se vê privada de o fazer, refugiando-se em casa à espera de outro dia igual a outro e a outro e a outro. Alguém já exigiu a mudança dos horários da Rodoviária Nacional imutável há mais de 50 anos? Como se podem deslocar aos centros de saúde ou a espectáculos e a outros bens culturais quando não há transporte compatível com a projecção de um filme ou de uma palestra? E neste cenário a geração “à rasca” e a geração – silenciosamente – encravada encontram-se… reféns de uma boleia… O acesso através de transportes públicos é quase inexistente; a dependência é total, a resignação uma fatalidade que gera depressão e revolta.
Há um público à espera de ser contemplado e integrado nas preocupações de quem governa: há gente que deseja participar, intervir e interagir. Há salas de espectáculos por esgotar, palestras por preencher, passeios por dar, cursos por frequentar, por gente, silenciosamente, à espera … que sejam lembrados para além da caridade de uma sopa ou de uma visita apressada. Governar é prever e prover. Porquê adiar?
in Diário de Leiria, 28 de Fevereiro de 2011
Deliciosa e o exemplo apresentado, bem-humorado mais ao mesmo tempo capaz de nos fazer reflectir - o que me parece aqui mais importante.
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