quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

“Idiotice” - a falta de participação cívica e de cidadania activa

MICAEL SOUSA
Associado da ADLEI

Cidadania, Democracia e Política são conceitos que estão interligados mas que muitas vezes, por preconceito, desinformação ou desilusão com acontecimentos sobre os quais somos supostamente informados, são vividos separadamente, o que resulta numa “fraca” sociedade civil. Será um problema de (pre)conceitos? Então veja-se. Cidadania, pode ser vista, como o modo do cidadão viver e concretizar a sua integração na sociedade em que se insere – uma relação com direitos e deveres. Política é o modo de actuar, pensar e participar na sociedade, pois o termo advém de polis (que se pode definir como a própria sociedade). Ou seja, fazer política é interessar-se pela sua sociedade e participar activamente em tudo o que dela e a ela diz respeito – uma clara relação com o exercício da cidadania activa. Já a Democracia (que significa «governo do povo»), para que realmente exista em toda a sua plenitude, requer, obrigatoriamente, um conjunto de cidadãos que exercem a sua cidadania de um modo político activo e interventivo. Assim, se os cidadãos - o povo - não estiverem disponíveis para se governarem o próprio conceito de Democracia simplesmente, enquanto prática, deixa de fazer sentido. Uma democracia sem cidadania activa seria como uma monarquia sem rei – simplesmente não funcionaria ou teria de se chamar outra coisa.

Então, se queremos defender uma melhor Democracia, temos de assumir os nossos actos de cidadania também como políticos (e vice-versa), enquanto acções que expressam o nosso envolvimento, interesse e disponibilidade para contribuirmos para a causa pública. Só os eremitas, que vivem isolados, se podem definir como completamente apolíticos. Este tipo de apologia é tudo menos nova, tem pelo menos 25 séculos de história e remonta ao período grego clássico, especialmente à polis de Atenas - o berço da Democracia. Os antigos gregos chegaram mesmo a inventar um termo pejorativo para caracterizar aqueles cidadãos que se alienavam do exercício da cidadania (ou política). Utilizavam a palavra «Idiotes», que significava “homem privado”, para adjectivar todos aqueles que se excluíam voluntariamente da participação dos assuntos públicos. Mais tarde o termo evoluiu para outros significados. Para os Romanos «Idiota» Significava então alguém com limitadas capacidades e/ou incapacidade de exprimir ideias e levar a cabo actividades complexas.

Hoje infelizmente muitos tornam-se idiotas (segundo o significado grego) devido à acção de outros idiotas (segundo o modelo romano). Que se combata a idiotice através da participação cívica e política.

in Diário de Leiria, 15 de Fevereiro de 2011

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Convite «Os jovens e a noite em Leiria»

A ADLEI associou-se ao Região de Leiria no debate «Os jovens e a noite em Leiria», integrado no ciclo «Hora de Conversa». A moderação estará a cargo da jornalista Paula Sofia Luz, contando-se a participação de Gonçalo Lopes (vereador da Educação, Cultura e Juventude), João Rodrigues (presidente da Federação Académica de Leiria), Francisco Vieira (membro da Direcção da ADLEI) e Vasco Ferreira (proprietário dos bares Chico Lobo e GL). Aguardamos a presença de todos, dia 18 de Fevereiro, pelas 18h, no Auditório da FNAC/LeiriaShopping.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Um pleonasmo com sentido

ADELAIDE PINHO
Ex-Presidente da ADLEI

Não será a expressão “Cidadania Activa” um pleonasmo? Mas na realidade ela faz sentido, já que todos nos consideramos cidadãos, apesar de nem sempre exercermos os correspondentes direitos e deveres; somos uma espécie de “católicos não praticantes”.

É necessário, e possível, ser-se verdadeiramente cidadão. E isso não se limita ao acto de votar ou ao desempenho de funções vulgarmente consideradas políticas; trata-se do trabalho na defesa efectiva de valores e de causas, a título individual, mas fundamentalmente no âmbito associativo, seja de carácter social, cultural, desportivo ou outro.

Todos somos necessários e só com a participação de todos será possível superar a “maldita crise”. Fazer tudo o que possa melhorar a vida de todos, particularmente dos mais fracos e vulneráveis, é um dever de qualquer cidadão responsável.

É particularmente importante que os jovens conheçam os problemas, reflictam sobre eles e proponham soluções para a sua resolução. Muitos “velhos do Restelo” dirão que elas são impossíveis de concretizar, mas são os impossíveis de hoje que constroem o amanhã. Louvo, pois, a actual Direcção da ADLEI pela aposta na participação cívica dos jovens e incito-a a continuar esse trabalho. Já li e espero ter a oportunidade de voltar a ler, agora neste espaço, textos deles.

Quanto à nossa região, os Congressos da ADLEI já permitiram fazer o diagnóstico das nossas “doenças”; falta fazer o tratamento. Confesso que, sempre que vou “para fora cá dentro”, volto um pouco triste. E este meu “trauma” pós-viagem dentro do país resulta de não ver na nossa região, como tenho visto em muitas outras, o aproveitamento das oportunidades que permitiriam resolver alguns dos nossos problemas, cujas soluções até poderiam ser gratuitas e gratificantes para quem as concretizasse. Haja quem queira agir.


in Diário de Leiria, 3 de Fevereiro de 2011