Em mais uma tertúlia Olhares, realizada na Livraria Arquivo, com parceria também da ADLEI, do IPL e do Jornal de Leiria, falou-se de ciência em Portugal, tendo como convidado principal o Doutor Carlos Fiolhais, autor do livro “A Ciência em Portugal”, editado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS).
A tertúlia dividiu-se em três partes. Na primeira foi feita uma intervenção do Doutor Nuno Mangas, que, enquanto Presidente do IPL, referiu o papel do IPL ao nível do desenvolvimento e da investigação científica na região. A segunda parte foi dedicada ao livro e obra de Carlos Fiolhais. A terceira consistiu no debate, com sequências de perguntas e respostas entre o orador e o público presente. A sessão foi moderada pelo Doutor Luís Távora, Diretor da Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Leiria.
Se seguida divulgamos, em tópicos, a síntese resumida do que foi tratado na sessão em causa.
1ª Parte: Doutor Nuno Mangas – Presidente do IPL
• Os politécnicos nunca foram devidamente financiados para fazer investigação, nomeadamente da FCT.
• O IPL tem um gabinete de apoio a pequenos projetos de investigação e desenvolvimento, mais direcionados para as PME.
• Há ainda muito trabalho a fazer na aproximação ao mundo empresarial.
• Tem de haver um trabalho desde muito cedo junto das crianças para as fazer aproximar da ciência.
• A investigação do IPL tem de ser algo mais direcionado para o desenvolvimento, ligado diretamente às empresas.
• A impossibilidade do IPL dar doutoramentos condiciona muito a ação e investigação na instituição. Existe a necessidade de ter doutoramentos em áreas que se relacionem diretamente com o mundo empresarial.
• O IPL tem muitos projetos de milhares de euros em curso relacionados com investigação e desenvolvimento, sendo a tendência para um contínuo crescimento.
• O IPL não foi apoiado na qualificação do seu corpo docente mas mesmo assim tem feito grandes melhorias nesse sentido, com uma grande percentagem do corpo docente com doutoramento ou em fase final de conclusão.
• Os politécnicos nunca foram devidamente financiados para fazer investigação, nomeadamente da FCT.
• O IPL tem um gabinete de apoio a pequenos projetos de investigação e desenvolvimento, mais direcionados para as PME.
• Há ainda muito trabalho a fazer na aproximação ao mundo empresarial.
• Tem de haver um trabalho desde muito cedo junto das crianças para as fazer aproximar da ciência.
• A investigação do IPL tem de ser algo mais direcionado para o desenvolvimento, ligado diretamente às empresas.
• A impossibilidade do IPL dar doutoramentos condiciona muito a ação e investigação na instituição. Existe a necessidade de ter doutoramentos em áreas que se relacionem diretamente com o mundo empresarial.
• O IPL tem muitos projetos de milhares de euros em curso relacionados com investigação e desenvolvimento, sendo a tendência para um contínuo crescimento.
• O IPL não foi apoiado na qualificação do seu corpo docente mas mesmo assim tem feito grandes melhorias nesse sentido, com uma grande percentagem do corpo docente com doutoramento ou em fase final de conclusão.
2ª Parte: Doutor Carlos Fiolhais – Cientista e autor de “Ciência em Portugal”
• O país e o IPL mudaram muito nos últimos anos. Apesar da crise decorreu um progresso imenso de desenvolvimento.
• Há 30 anos grande parte dos doutoramentos faziam-se no estrangeiro, “não se tratava a ciência por tu mas por você, era algo distante da realidade do dia-a-dia”.
• O número de doutores em Portugal multiplicou-se por 10 e os artigos por 20.
• Ainda são muito evidentes as influências do atraso do país e disso com direta relação com o analfabetismo do início do século xx.
• O atual desenvolvimento e efeitos do crescimento da ciência em Portugal só se vai sentir daqui a uns anos.
• Hoje a riqueza vem da inovação e desenvolvimento da ciência. “Em Portugal apanhamos o comboio há poucos anos”.
• “No cérebro humano nunca há crise”. Portugal está em muito melhor posição do que já esteve. Mas o investimento em ciência só foi possível devido aos fundos europeus. Por mais crise que tenhamos nunca deveremos desistir da educação e ciência para o desenvolvimento.
• O ensino superior cresceu de súbito e de um modo destruturado. “Há que casar melhor a ciência com o ensino superior”.
• Tem de se estudar e definir que tipo de ciência se devem os Politécnicos fazer. A tendência será sempre para temáticas mais práticas e ligadas às empresas.
• Existe uma dificuldade de ligação da ciência com as empresas. Formamos muitos doutores que não encontram trabalho nas universidades nem nas empresas. Isso leva depois à emigração e a perda de riqueza nacional.
• Nos países mais desenvolvidos a grande parte da investigação, cerca de 2/3, é feita diretamente para e nas empresas.
• O mundo não está a ficar mais pobre, algumas empresas crescem muito. Existe é cada vez mais assimetria.
• É imperativo melhorar laços no triângulo: empresas, pessoas, e ciência.
• Tem de haver o reforço da cultura científica. Há que compreender a ciência e os seus benefícios. Quem não sabe ciência não a estima. “Os cientistas são os enviados da humanidade às fronteiras do saber”, mas têm de dar noticias.
3ª Parte: respostas e reflexões de Carlos Fiolhais
• Tal como cresce a ciência crescem as suas antagónicas. Temos de se saber viver com essa contradição. A solução passa por a ciência ser mais pedagógica.
• Um entrave à contratação de colaboradores com grande formação para as empresas deve-se a vários fatores, um deles relaciona-se com a baixa forma dos empresários nacionais, que, em média, tem menores qualificações que os seus colaboradores.
• A rede das instituições científicas, apesar de existirem muitas entidades, não funciona em rede. Existe um grande problema de comunicação, e são muitas as barreiras que se levantam pelas próprias entidades, “existem muitas capelinhas”. Falta a confiança.
• Com a falta de dinheiro para o financiamento do sistema de investigação, será obrigatório um emagrecimento global. Deve haver uma profunda reflexão sobre essa reforma.
• Com Bolonha não houve melhoria evidente. Mudaram-se apenas os nomes, o resto manteve-se.
• O problema científico está muito mais nos primeiros níveis de ensino que nos últimos. É logo nas idades mais jovens que se deve despertar nas crianças o gosto pela ciência, e não tanto já nos últimos anos de ensino. O nosso problema hoje não é o analfabetismo mas mais as suas influências passadas, por exemplo a falta de cultura científica. Deveríamos introduzir a experimentação nos níveis mais inferiores do ensino.
• Tal como cresce a ciência crescem as suas antagónicas. Temos de se saber viver com essa contradição. A solução passa por a ciência ser mais pedagógica.
• Um entrave à contratação de colaboradores com grande formação para as empresas deve-se a vários fatores, um deles relaciona-se com a baixa forma dos empresários nacionais, que, em média, tem menores qualificações que os seus colaboradores.
• A rede das instituições científicas, apesar de existirem muitas entidades, não funciona em rede. Existe um grande problema de comunicação, e são muitas as barreiras que se levantam pelas próprias entidades, “existem muitas capelinhas”. Falta a confiança.
• Com a falta de dinheiro para o financiamento do sistema de investigação, será obrigatório um emagrecimento global. Deve haver uma profunda reflexão sobre essa reforma.
• Com Bolonha não houve melhoria evidente. Mudaram-se apenas os nomes, o resto manteve-se.
• O problema científico está muito mais nos primeiros níveis de ensino que nos últimos. É logo nas idades mais jovens que se deve despertar nas crianças o gosto pela ciência, e não tanto já nos últimos anos de ensino. O nosso problema hoje não é o analfabetismo mas mais as suas influências passadas, por exemplo a falta de cultura científica. Deveríamos introduzir a experimentação nos níveis mais inferiores do ensino.
A sessão acabou com período destinado ao autografar dos livros do autor convidado.